UFU Sustentável no #UFUemcasa e o controle do Aedes aegypti

Que tal aprender mais sobre a dengue? Aqui você vai descobrir os sintomas da doença, como ela é transmitida, como é feito seu tratamento, e ainda qual a melhor forma de prevenção!
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24/02/2021 - 14:35 - atualizado em 16/03/2021 - 10:23

Reportagem: Gabriela Bonatto.

A campanha contra a dengue "Conteúdo audiovisual com recomendações para lidar com a presença de Aedes aegypti" faz parte de um projeto de extensão do Programa #UFUemCasa, promovido pela Prefeitura Universitária (PREFE) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Seu objetivo geral é informar à população quanto aos perigos da dengue e outras febres, de modo a evitar a proliferação do mosquito. Durante a pandemia de coronavírus, as atividades estão sendo realizadas à distância, seguindo as recomendações e os protocolos do Comitê UFU de Monitoramento à Covid-19. Para conferir a campanha digital, acesse o Instagram @UFUSustentavel.

 

AFINAL, O QUE É A DENGUE?


O vírus da dengue é um grande problema de saúde pública no Brasil, que se intensifica durante os dias quentes e úmidos do verão.  A dengue é uma doença infecciosa febril grave causada por um arbovírus, ou seja, é transmitida através de picadas de insetos, neste caso o mosquito Aedes aegypti.


Existem quatro tipos de dengue, então só é possível ser infectado até quatro vezes, pois o corpo se torna imune ao sorotipo que contraiu. Caso ocorra um segundo, ou infelizmente um terceiro episódio da dengue, o risco de se desenvolver formas mais graves da doença aumentam, como a dengue hemorrágica e síndrome do choque da dengue. Ambas as complicações podem levar à morte.


Existe apenas uma vacina para a dengue registrada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), porém, a mesma só está disponível na rede privada. São necessárias três doses ao longo de um ano, e o imunizante só funciona para as pessoas que já contraíram pelo menos um dos tipos de dengue.

 

SINTOMAS, TRATAMENTOS E MEIOS DE PREVENÇÃO


Os principais sintomas da doença são febre alta, dores no corpo, dor ao movimentar os olhos, falta de apetite, enjoo, vômito, mal-estar e manchas vermelhas no corpo. Não há tratamento específico para a doença e normalmente a cura é espontânea. Geralmente os sintomas duram por até dez dias, no entanto, as dores e mal-estar podem persistir por algumas semanas. A infecção por dengue pode ser assintomática (sem sintomas), leve ou grave, podendo levar até a morte.


Não existe tratamento específico para a dengue, apenas métodos para aliviar os sintomas. Estão entre as formas de tratamento: fazer repouso; ingerir bastante líquido (água); a hidratação pode ser por via oral (ingestão de líquidos pela boca) ou por via intravenosa (com uso de soro, por exemplo). A melhor forma de prevenção da dengue é evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, eliminando os possíveis criadouros. O uso de repelente e roupas que diminuem a exposição da pele durante o dia também ajudam a prevenir a dengue. Mosquiteiros são boas opções para aqueles que dormem durante o dia, como por exemplo os bebês.


As orientações para quem está infectado são: ingerir bastante líquido, repousar e nunca se automedicar. É de fundamental importância sempre procurar um médico para receber tratamento adequado. Não tome medicamentos por conta própria, o diagnóstico é feito com o exame de sangue ou sorologia para dengue.

 

TRANSMISSÃO DA DENGUE


A transmissão da doença acontece durante a picada de um mosquito Aedes aegypti, conhecido popularmente como mosquito-da-dengue, infectado com o vírus, o qual também é responsável pela transmissão do Zika vírus e também febre Chikungunya. Não são doenças contagiosas, ou seja, não podem ser transmitida de pessoa para pessoa. A transmissão da dengue é exclusivamente através da picada do mosquito infectado.


O vírus pode também ser passado de humanos para mosquitos. Isso ocorre quando o mosquito Aedes aegypti pica uma pessoa com dengue, adquire o vírus, podendo transmiti-lo para outras pessoas. Mas, atenção! É verdade que o mosquito se torna infectado ao picar uma pessoa doente, porém o processo não é tão rápido. Ao picar uma pessoa doente o vírus fica no estômago do mosquito, no entanto, o mesmo ainda não pode transmiti-lo. As partículas do vírus demoram entre 10 e 12 dias para tornar o mosquito infectivo, ou seja, capaz de transmitir o vírus da dengue para outra pessoa.


Somente a fêmea do mosquito pica os humanos, sendo ela, portanto, a responsável pela transmissão do vírus. É importante lembrar que nem todos os Aedes aegypti transmitem a dengue, isso acontece porque nem todos estão infectados com o vírus. Para que a transmissão da doença aconteça, é preciso que o vetor esteja infectado e infectivo.


De acordo com dados retirados do site da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em suma o ciclo de transmissão da dengue se inicia quando o mosquito Aedes aegypti pica uma pessoa infectada. O vírus multiplica-se no intestino do vetor e infecta outros tecidos, chegando finalmente às glândulas salivares. Uma vez infectado, o mosquito é capaz de transmitir o vírus enquanto viver.

 

CRIADOUROS E COMO SE LIVRAR DELES DE MANEIRA CORRETA


Segundo João Carlos de Oliveira, Doutor em geografia e Professor dos cursos técnicos na área ambiental e de segurança do trabalho da  Escola Técnica de Saúde (ESTES),  criadouros são locais onde se acumula água parada por um determinado tempo (normalmente acima de 7 dias), onde, após a oviposição da fêmea, os ovos viáveis podem eclodir em larvas, depois em pupas e, finalmente, se transformam em mosquitos adultos. No total, uma fêmea do Aedes aegypti pode colocar até 3 mil ovos durante seu ciclo reprodutivo, por isso é preciso ficar de olho em áreas que podem acumular água parada, limpa ou suja.


Ainda de acordo com o Oliveira, há dois grandes grupos de criadouros: De um lado, os criados pela própria natureza, por exemplo, folhas em formas de “conchas”, bromélias, troncos de árvores, entre outros. Já do outro lado, os “criados” pelo homem, por exemplo copos descartáveis, tampas de garrafas, sacos de plásticos, cascas de ovos, calhas das casas, garrafas sem tampas e com bocas viradas para cima.


Não deixe que os criadouros acumulem água: lave todos os dias os reservatórios de águas dos animais e elimine os criadouros de forma periódica, em locais adequados (Aterros sanitários ou Associações de Reciclagem, para Coleta Seletiva Solidária). "O ideal seria não existirem criadouros. A única forma de prevenção é acabar com o mosquito", enfatiza Oliveira.


Atenção! As larvas e os ovos não devem ser descartados vivos em vasos sanitários ou em ralos, por exemplo. Para se livrar das larvas jogue-as na terra seca, no cimento ou no asfalto, já para se livrar dos ovos a recomendação é jogar a água em asfalto ou terra seca e esfregar o local com palha de aço, somente dessa forma os ovos serão destruídos.

 

A DENGUE EM TEMPOS DE PANDEMIA


A dengue se caracteriza como ser uma doença com potencial endêmico, isso significa que o surto acontece em diversas regiões. Já a pandemia é o pior dos cenários, ela acontece quando uma epidemia se espalha por diversas regiões do planeta, o caso do novo Coronavírus.


Segundo Oliveira o grande problema é que a dengue e o Coronavírus têm sintomas muito parecidos, como febre, mialgia (dor muscular) e mal-estar. "Os impactos na economia e na saúde da população (Saúde Coletiva/Pública) são enormes, afetando dias de trabalho, afastamentos de escolas, sobrecarregandosistemas de atendimentos na área da saúde, com riscos de mortes", afirma o pesquisador.  


Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil registrou de 2018 para 2019 um aumento de 488% no número de casos. Para Oliveira, a pandemia ofuscou o vírus da dengue, que segundo ele não deveria ser subestimado.

É verdade que a dengue e o coronavírus não têm relação direta, então qual a importância de redobrar os cuidados em tempos de pandemia?

Bom, a existência de uma epidemia e pandemia em paralelo é preocupante. Como dito anteriormente, o início do quadro clínico de ambas as doenças é muito semelhante, o que pode dificultar o diagnóstico precoce e o tratamento adequado.


Como são duas doenças que podem ser confundidas, é recomendado que os pacientes com febre alta, falta de ar ou vômitos persistentes procurem atendimento médico. No caso da Dengue, é preciso realizar hidratação do doente, já no caso da Covid- 19 o paciente recebe suporte respiratório. Nas duas infecções é preciso realizar a monitoração de forma adequada, de modo a evitar que o paciente evolua para um quadro muito grave.


Não é só porque estamos em pandemia que os outros vírus e doenças estão de "férias", a Dengue é um problema de saúde pública grave e, infelizmente, continua fazendo vítimas no Brasil em meio ao Coronavírus. A prevenção é a única forma de evitar contrair o vírus da Dengue, e o mesmo é válido para a Covid-19, em que a forma de prevenção é a lavagem frequente das mãos e o distanciamento social. Cuide-se!