O desperdício de comida é um dos grandes desafios enfrentados globalmente, inserido no 2º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável, o “Fome Zero e Agricultura Sustentável”. Este é um problema que atinge cerca de um terço de toda a comida produzida no mundo, com 46% acontecendo nas etapas de processamento, distribuição e consumo. Um relatório da ONU destacou que cerca de 74kg de alimentos são desperdiçados por pessoa/ano dentro dos lares dos consumidores, como apresenta o blog eCycle.

Além da fome, também afeta profundamente o meio ambiente e agrava a questão climática, uma vez que todos os recursos empregados para produzir o alimento desperdiçado foram usados em vão, impactando a natureza em retorno de nada. Por esta visão, diariamente, são encaminhados à lixeira recursos energéticos, água, fertilizantes e o investimento humano e territorial, em especial na produção animal. Agravando ainda mais o problema, o desperdício de alimentos, ao aumentar a quantidade de resíduos sólidos orgânicos gerada, fornece cerca de 10% da emissão de gases que contribuem para a crise climática enfrentada.

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que mais da metade do lixo residencial produzido é orgânico, que além dos efluentes comuns, como chorume, também emitem gás metano quando não tratados, que é substancialmente mais prejudicial para o efeito estufa que o gás carbônico. Como aponta Clementine O’Connor, especialista em sistemas alimentares do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), em entrevista institucional, “reduzir o desperdício de alimentos em casa é uma das maneiras mais fáceis de reduzir o impacto climático pessoal. Você come - e toma decisões alimentares - pelo menos três vezes ao dia”.

    O Brasil possui um dos maiores índices de desperdício do mundo, o que contrasta diretamente com os dados da World Menu Report, feita pela Unilever, que mostra que cerca de 96% dos brasileiros se preocupam com esta questão. A Universidade Federal de Uberlândia, como uma instituição pública compromissada com o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e com a promoção de uma realidade mais justa e saudável para a população, possui ações dentro de seus Restaurantes Universitários para combater o desperdício de alimentos. 

    Clóvis Antônio da Fonseca, coordenador da Divisão de Restaurantes Universitários da UFU, informa que, habitualmente, estão em vigor campanhas de conscientização com os estudantes e servidores da UFU, que “geralmente são realizadas pela equipe da DIVRU juntamente com as estagiárias da nutrição”. Essas campanhas envolvem, por exemplo, orientações para composição de um prato balanceado e dicas para evitar o desperdício, assim como o “desperdiçômetro”, que “visa quantificar a quantidade aproximada da sobra das bandejas dos usuários”, como conta Clóvis.

    Se o desperdício de alimentos fosse um país, seria o terceiro maior emissor de gases poluentes do planeta, atrás apenas dos EUA e da China, segundo o diretor da WRAP, Richard Swannell. Portanto, este é um problema de caráter urgente, e a posição e tomada de responsabilidade de uma instituição como a UFU é essencial na luta contra o desperdício, a fome e a exploração desnecessária dos recursos naturais.