Oficinas de artesanato estimulam práticas sustentáveis

Anônimo
20/09/2013 - 19:01 - atualizado em 21/03/2018 - 15:00

Aliar artesanato à conscientização ambiental é uma forma eficaz de envolver a comunidade e tornar interativos os esforços para conservação dos recursos naturais. A produção artesanal pode desestimular o consumo exagerado, oferecendo por meio da reutilização de materiais uma forma de resistência há obsolescência programada.

O artesanato tem como característica principal a produção manual de objetos e artefatos predominantemente utilitários. Esses produtos são únicos e contém marcas de uma cultura determinada, atestando a ligação do homem com o meio social em que vive.

Criar peças artísticas a partir de materiais que iriam para o lixo é uma prática que pode oferecer oportunidade para geração de renda. Garrafas “pet”, latas de alumínio e de aço, jornais, recipientes de vidro, coadores de papel, lacres de alumínio, embalagens de papelão e “tetra-pac” assim como inúmeros outros materiais podem ser aplicados, com baixo custo e resultados surpreendentes, transformando o que era visto como “lixo” em peças de decoração e utilidade doméstica.

 

 

A palavra lixo costuma ser usada de modo equivocado. A maior parte dos materiais que chamamos de lixo são resíduos que podem ser reutilizados ou reciclados. Para que o reaproveitamento seja possível, é preciso que a separação dos resíduos sólidos e orgânicos seja feita na hora do descarte. Os resíduos sólidos podem ser reutilizados para o mesmo fim como, por exemplo, em embalagens e recipientes retornáveis, ou modificados e direcionados a outras funções, como acontece quando o produto se torna matéria-prima no processo artesanal. Os resíduos orgânicos podem ser transformados, por meio da compostagem, em adubo que pode substituir o uso de fertilizantes no auxílio ao crescimento e desenvolvimento das plantas. Eles são diferentes dos chamados rejeitos, que são resíduos que já esgotaram toda a sua vida útil de tratamento e recuperação e, por isso, devem ser descartados de forma específica.

A fim de estimular a conscientização socioambiental de forma educativa, lúdica e efetiva, a DIRSU - Diretoria de Sustentabilidade Ambiental promoveu, nos dias 09, 11 e 18 de setembro, Oficinas de Artesanato Sustentável. A ministrante foi a artesã Adriana Honório, membro da ACRU - Associação de Catadores e Recicladores de Uberlândia. Entre os participantes estiveram estudantes da UFU, pais de alunos, servidores e outros artesãos interessados em aprimorar suas técnicas de produção.

 

 

Durante os três dias de atividades foram produzidos recipientes portas-treco e peças decorativas. Embalagens de vidro e alumínio foram usadas como matéria-prima. Entre as técnicas empregadas estiveram: pintura, colagem, desenho e texturização. Os participantes puderam levar as peças produzidas por eles, o que incentivou o capricho na produção e atiçou a criatividade, pois os oficineiros já iniciavam a confecção sabendo qual utilidade a obra teria, que tipo de objetos guardaria e em que parte da casa ficaria exposta. Com estas informações em mente, puderam escolher as cores, figuras e detalhes adequados ao gosto individual e ao ambiente a que iam direcionar suas criações.

De acordo com Adriana Honório, as oficinas mostram a importância do artesanato como fonte de trabalho e terapia ocupacional, além de incentivar a diminuição do uso indiscriminado dos recursos naturais e a alta produção de resíduos urbanos. “Nas mãos do homem nada se perde, tudo se transforma. Inclusive sua própria existência”, declara.

O coordenador de planejamento e gestão ambiental, Eunir Augusto Reis Gonzaga, considera as oficinas prioritárias, pois atendem, em critérios de sustentabilidade social à Lei 12.305/10. “O suporte às associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis é preocupação da Prefeitura Universitária”, explica.

 

 

A atividade também teve o propósito de aproximar a comunidade acadêmica dos membros da associação de catadores. Conhecer o trabalho desses profissionais ajuda a despertar a consciência do papel de cada cidadão na gestão de resíduos sólidos. Perceber que atos simples, como jogar materiais no coletor adequado, podem viabilizar a geração de renda dessas pessoas e garantir-lhes maior dignidade, pode ser motivação determinante na transformação de hábitos incorretos em práticas sustentáveis.

 A estudante de Jornalismo da UFU, Priscila Costa Mendonça, considera que os cursos de artesanatos com materiais sustentáveis são excelentes, pois além de conscientizar a comunidade acadêmica ainda cria laços entre os alunos e a cooperativa parceira da universidade. “Pessoalmente foi uma experiência muito rica que pretendo repetir sempre que abrirem novas inscrições”, conclui.