Saiba como o estudo da física pode ser sustentável e solidário

Anônimo
11/12/2013 - 15:51 - atualizado em 21/03/2018 - 15:00

Maria Luiza Inácio é professora de Física e trabalha na Escola Estadual Bueno Brandão. Ela acredita que o ensino deve ir além da teoria e extrapolar os limites da sala de aula. Em 2012 a professora elaborou, junto com seus alunos do 3° ano do ensino médio e com o PIBID do curso de física da UFU, um projeto para participar da exposição anual Ciência Viva, cujo tema nesse ano foi “Energia na vida e na sociedade”, com o objetivo de estimular o uso responsável da energia elétrica e a minimização dos impactos ambientais para produzi-la. “Estávamos estudando sobre isolantes térmicos e calorimetria e tivemos a ideia de fazer um forro com a caixa Tetra Pack, pois a lamina isola bastante a temperatura no ambiente. Os protótipos construídos para a exposição diminuíram a temperatura entre cinco e oito graus Celsius”, conta Maria Luíza.

O projeto do forro sustentável ficou com a 1ª colocação na categoria ensino médio, a vitória no Ciência Viva incentivou o grupo a participar de outros concursos e o trabalho foi premiado também na Universidade de São Carlos - UFSCAR e em Brasília (DF), pela Fundação Banco do Brasil e “Revista Fórum”. A premiação fez parte do concurso Aprender e Ensinar – Tecnologias Sociais, que entregou troféus e certificados para os 64 melhores projetos escolares do Brasil. Ao todo foram inscritos 4.695 projetos.

Professora Maria Luiza ensina a montar forro sustentável

Os vencedores resolveram ir além em seus experimentos e, ha aproximadamente dois anos, duas residências de Uberlândia receberam as placas em nível experimental. Os resultados estão sendo acompanhados e até agora as famílias que residem nas moradias só observaram melhorias na qualidade de vida, sem nenhum contratempo relacionado ao produto.

O processo foi desenvolvido para casas que não tem laje e apresentam altas temperaturas, por serem feitas com telhas de amianto. Além de abaixar a temperatura do ambiente, as placas térmicas isolantes melhoram a iluminação e evitam o acúmulo de mofo, o que previne problemas respiratórios e deixa o cheiro da casa mais agradável.

O projeto conta hoje com oito discentes do curso de Física da UFU e com alunos do 3° ano da Escola Estadual. O sucesso das experiências motivou a equipe a ampliar o acesso ao produto. Por não ser possível para os estudantes produzir em grande escala a professora entrou em contato com o responsável pelo evento Integração no Bairro e firmou uma parceria para que o grupo ensinasse aos participantes do evento a produzir as placas térmicas para suas próprias casas. De acordo a professora e coordenadora do projeto, o grupo tem a oportunidade de compartilhar a informação com quem tem a necessidade de recebê-la.

“Queremos divulgar porque caixa de leite todo mundo joga fora. É fácil conseguir esse material, o processo é muito simples fácil de montar e instalar e o custo é ínfimo. Durante o evento os alunos mostram como fabricar e montar as placas e entregam panfletos com o passo a passo da confecção”, afirma Maria Luiza.

Composta por plástico, alumínio e papelão, a caixa Tetra Pack reflete a luz do sol, propiciando, consequentemente, o arrefecimento da temperatura local. O painel térmico ajuda ainda na proteção contra chuva e vento e mantém a temperatura ambiente nos dias mais frios. Nos protótipos iniciais, as caixas foram unidas com cola de sapateiro. O método apresentou bons resultados, porém foi substituído por conta de preocupações com a saúde dos alunos. Outros tipos de cola foram testados, mas não apresentaram o mesmo desempenho. O protótipo final foi desenvolvido substituindo o processo de colagem pelo de costura das caixas, em máquinas de costura caseira e com linha industrial de carretel grande, que foi escolhida por ser mais resistente.

O interesse da comunidade é amplo. Durante a participação nos eventos, os alunos chegaram a ensinar o método para pequenos criadores de frango, que tinham problemas para manter a temperatura adequada à sobrevivência e saúde das aves. Os produtores consideraram o revestimento sustentável uma opção eficiente e economicamente viável.

Quadro comparativo de preços entre materiais usados em forros residenciais

Além de economizar energia, a reutilização das caixas contribui para diminuir a quantidade de lixo nos aterros sanitários, visto que a caixa longa vida é de difícil decomposição. “O que eu espero é que as pessoas façam cada vez mais uso dessa tecnologia, pois ela é sustentável, eficiente e barata”, conclui Maria Luiza.

Maryelly Faria , estudante de física da UFU, durante o evento Integração no Bairro            

 

Veja como fazer sua Placa Térmica Isolante Sustentável

 

  1 - Com ajuda de uma tesoura abra as caixas nas extremidades e em um dos lados.        

  2 - Em uma máquina de costura caseira costure una as caixas, com a parte prateada das caixas todas para o mesmo lado (esse lado deve ficar virado pra baixo na hora de grampear na madeira do telhado)

  3 - Use um grampeador de estofador para grampear as placas nos caibros da casa.

 

Processo de instalação de forro térmico isolante sustentável

 


Texto e imagens: Letícia França (Estagiária de Graduação)